31 de julho de 2013

A Paquimetria

Você vai fazer o exame de vista, e fica feliz por saber que não será necessário dilatar a vista. “Deve ser algo como ficar olhando para alguma luz forte, e pronto”. 


Eis que sou chamada pela Dra. Ela pinga um colírio que deixa meus olhos estranhos. 

- Vou aproximar essa caneta em seu olho, não pisque. 


WHAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAT? – Pensei. 


- Você vai encostar isso no meu olho? 
- Vou. – disse a moça calmamente. 

Foi neste momento que senti um PÂNICO. Uma vontade louca de sair correndo e gritar “SOCORROOOOO”.


Como assim ela vai enfiar uma CANETA NO MEU OLHO? Como assim? Como é que pode uma coisa dessas! Ninguém havia me avisado sobre isso! Por que ninguém me contou a verdade? Por quê? A realidade é mesmo cruel. Não pode ser! Não pode ser! Como é que inventam um exame tão terrível assim? 


- Não!!! Calma... Espera... Não vou conseguir, moça.
- Mas eu pinguei um anestésico. Você não vai sentir nada. 

AH CLARO! Como se isso fosse o suficiente para me deixar calma. A moça me diz com a maior calma do mundo “VOU ENFIAR ESSA CANETA NOS SEUS OLHOS, NÃO PISQUE”, e ainda quer que eu esteja calma? Qual o quê! Ela deveria preparar o psicológico do paciente antes! Não pode ser assim, tão direto. E as preliminares? Onde é que fica? Ora essa! Nenhuma conversa antes? Já é assim, direto ao ponto? “Abra os olhos que vou enfiar”??? Que pânico, meu deus. 

- Meu deus, que aflição! – Lamentei. 
- Posso? 

Ah, eu via o masoquismo nela. Ela era do tipo sádica. Lá estava ela, com a caneta toda sorridente. Estava se divertindo perante meu medo e sofrimento. 
Minha vida passando como um filme. E se eu ficar cega?

- Vai. – Tomei coragem. 
E então ela se aproximou. 
- AH PARE! Não, não! – Gritei. 
- Tenha calma, senhora! 


(Senhora? ¬¬) 


- Calma... Num to preparada. Espera... – Respirei fundo. 
- Posso? 
- Sim. 

Ai meu deus! Ela está se aproximando do meu olho com essa coisa pontiaguda! 

- CALMA MOÇA. ESPERA! - Impedi que ela concluísse o ato!
- Você tem que ficar com a cabeça quieta, moça. 
- Eu não consigo!

Eu queria chorar. Mas eu tinha que ser forte. Ora essa! Seja homem! Vamos lá! Mostre sua coragem para todos! Não seja fraca! Há coisas piores nesta vida! Poderia ser uma laringoscopia. Poderia ser um parto normal. Poderia ser um estupro! No entanto, é apenas uma coisinha nos MEUS OLHOS! AI MEU DEUS DO CÉU! 

- Posso? – Perguntou a Dra., impaciente. 
- Pode. – Decidi, por fim. Afinal, não ia ter jeito. Não tinha saída. Ia ter que aguentar até o fim. 




- Pronto. 
- Mas JÁ? Nem senti nada... 



Ufa. 


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A obra Seja Feliz Com a Carol-ol-ol de Carolina Hanke foi licenciada com uma Licença Creative Commons - Atribuição - Uso Não-Comercial - Obras Derivadas Proibidas 3.0 Brasil.
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